No Aurélio, fútil significa frívolo, leviano, insignificante, vão. Na Wikipedia o conceito é mais ilustrativo: “futilidades ou coisas fúteis são atividades, conversas ou sentimentos vazios que não levam a crescimento algum.Também pode-se dizer que são informações sem conteúdo. A palavra futilidade se refere à falta de valor, sem importância, vulgar, banal, sem sentido, sem nexo, sem noção, vazio.”
A cultura da cópia de it-looks lembra esse mesmo conceito? Provavelmente. Mas a moda pode não ser algo somente fútil. Tudo depende do enfoque que lhe é dado. Pensando nisso, resolvi transcrever uma passagem do livro “Observatório de Sinais” do Dário Caldas, que fala exatamente isso:
“O que fazer dos argumentos da moda como negócio, das acusações de cópia, da exigência de identidade e de diploma universitário, das reações ofendidas quando o meio é tratado como mundinho pouco profissional? Não se pode ascender uma vela para Deus e outra para o diabo: é preciso decidir entre a seriedade e a definitiva leviandade que, aparentemente, não interessa a mais ninguém. Que sejam repensadas, então, as formas de atuação, que a pesquisa se realize com seriedade, que os textos adquiram conteúdo, que os críticos façam crítica!” (Dario Caldas)
Para o temor geral dos criadores, Dario Caldas manda críticos fazerem crítica! Me parece que o papel da blogosfera é similar a este. A internet proporciona expressão livre e gratuita, então, porque não tirar proveito dessa liberdade e transformá-la em terreno fértil de novas idéias? Por que não exercitar a análise através da teoria? Expor um olhar pessoal diante das novas coleções e propor diferentes perspectivas sobre a criação.
Afetações, neologismos, cópias, simplificações bobas e discurso vazio estão caindo por terra. Eles fazem parte do velho modelo, que tem sido repelido por aqueles que encaram a moda de uma maneira mais profunda. Apresentar produtos para o consumo, abalizando a indicação através de algum exemplo “it” já não é mais novidade. Estamos à beira de uma revolução, onde análises mais embasadas sobre a moda também terão vez (assim espero!).
Quanto à mídia impressa, é preciso saber separar o que é moda e o que é entretenimento puro. Um mesmo look pode ser apresentado pela Caras, pela Mag, pela Quem e pela Vogue sob enfoques totalmente diferentes. E existe público para todas análises, basta que cada um identifique qual lhe agrada mais.
VALE FRISAR: a moda se recicla através da criação. E, como já disse Lagerfeld, ela não precisa provar que é seria. A frivolidade inteligente pode ser criativa e positiva. Em uma engrenagem que acontece através de ciclos, velhos modelos se saturam rapidamente.
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